Epikos kata tēs ktiseōs pantōn
Ato I: A Criação e a Servidão
Na terra fria... o deus sem nome veio!
Barro moldado... com sopro divino!
Para o homem, um eterno esteio,
Um servo vivente... condenado ao destino!
Servir, curvar-se... em eterna devoção,
Viver sem saber... além da escuridão,
Ignorar o fruto, o saber interdito,
Caminhar sem alma... no abismo infinito!
Ato II: A Tentação e a Queda
Ao lado dele... criada em alegria,
Doce companheira, reluzente e fria,
Olhos que buscam o saber proibido,
Serpente fatal, o desejo nascido!
Provou o fruto... o preço foi marcado,
O deus viu o erro, o homem é caído!
Sombra e fogo... o paraíso desolado,
Na terra árida... o pranto foi nascido!
Ato III: A Ira Divina
Raios! Trovões! A ira implacável!
O deus sem nome os lança à perdição!
Expulsos do Éden... ao pó retornaram,
Homem e mulher na mesma maldição!
No frio cortante, eles enfrentam a sorte,
Lados distintos, mas fardos iguais,
Ecos de dor entre a vida e a morte,
A sina sombria nos campos fatais!
Ato IV: O Fardo e o Lamento
Cavaram na terra... a promessa de pão,
Suor e sangue mancharam o chão,
Com prantos noturnos... ergueram-se juntos,
Buscando sentido nos dias defuntos.
No vento ecoava... um canto sofrido,
Do peito vazio, um grito perdido,
Homem e mulher... em prantos vagavam,
E na dor que os unia... os versos brotavam.
Ato V: A Arte como Redenção
Da miséria brota a canção sombria,
Palavras que desafiam a tirania!
Na poesia... encontra-se a transgressão,
Transformando o pranto em eterna canção!
Cruz e Sousa, dos Anjos, Alphonsus também,
Poetas da queda, trovadores do além!
Seus versos ecoam na noite infinita,
Um grito do homem... que o vazio habita!
Ato VI: A Rebelião da Criação
Na queda, a conexão ao divino se parte,
Homem e mulher, entregues ao desgaste.
Do fruto provado... o saber os consome,
Despertam na dor... sem ouvir mais seu nome.
"Por que criaste... para tão cruel destino?"
Gritam ao céu... em clamor assassino.
Se a liberdade traz sombra e espinho,
Por que negaste outros caminhos?"
Na ausência de luz... encontram coragem,
Erguem-se em lamento, contra a linhagem.
'Um deus sem nome... o tirano impiedoso,
Teu reino cairá... no abismo silencioso!
"Não deste o saber... ou libertação,
Criaste o medo... como eterna prisão!"
E assim os homens... no fruto perdido,
Desafiam o céu... e o dogma esquecido.
Ato VII: O Chamado ao Tribunal
Das cinzas da dor... ergue-se a verdade,
Na arte cantada, renasce a vontade.
Um eco sombrio... convoca o culpado,
Na aurora sangrenta, o juízo é chamado.
"Se o deus sem nome... do alto se oculta,
Julguemos a fé... que seu nome exalta!
O sangue dos séculos... clama do chão,
E a cruz é a marca de nossa prisão."
Os mortos se erguem... na noite vazia,
Portando os versos de sua agonia.
Cristianismo, responde ao clamor,
Dos séculos presos em sangue e terror.
Ato VIII: A Convocação dos Juízes
Nas trevas erguidas... a balança é formada,
O destino das eras... há de ser pesado.
No eco da dor... um clamor é ouvido,
Poetas sombrios... julgando o pedido!
Dos abismos do tempo... surge o Dante Negro,
Cruz e Sousa... arauto do enredo.
Sua pena forjada em versos pungentes,
Declara a sentença dos mundos dolentes.
Nas marés insondáveis... surge Alphonsus, perdido,
A lua o contempla... em pranto contido.
Com loucura nos olhos e silêncio no peito,
Chora a filha e a amada... num canto imperfeito.
Eis que a matéria... do pó se refaz,
Augusto dos Anjos... em pranto voraz.
Sua voz ecoa... da carne em ruína,
Proclama o juízo que a cruz destina.
Sob céus partidos... três juízes se erguem,
Versos como lâminas... ao dogma desferem.
A balança pende... à luz da agonia,
E a fé treme ao peso da poesia.
[Entram os três sonetos]
[1]
Juiz natural, Augusto sondava
Os crimes que a fé cristã cometeu
Como os olhos de quem sente a navalha
E a dor que a humanidade na pele sofreu
No tribunal da vida, a carne apodrece
O promotor-verme da putrefação
Declara a culpa ao soro que entorpece
Ceifador de vidas, sonhos e paixão
Cristianismo, em sua hipocrisia
Foste o carrasco da biologia {estudo da vida}
E agora paga com a extinção
O juiz dos Anjos, em seu veredicto final
Condenou-o ao eterno funeral
Na cova abissal da desilusão
[2]
[3]
[FIM dos três sonetos]
Ato XI: O Tribunal das Almas
No tribunal... dos mortos esquecidos,
A sentença é dada... aos crimes cometidos!
Cristianismo, em tua hipocrisia,
Te condeno ao vazio e eterna agonia!
No abismo eterno... jaz a tua crença,
Esquecido no tempo... tua essência é doença!
Ato X: O Devorador da Fé
O Macrófago devora, implacável e frio,
Engole a fé, lança-a ao vazio!
A cruz apodrece, em cinzas se perde,
E na escuridão... seu silêncio se ergue!
Ato XI: A Luz na Escuridão
Assim seguimos... buscando além,
Nos versos sombrios... a paz que convém.
Na poesia, a redenção esculpida,
No grito dos homens... a história é erguida!
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